Każdy jest innym i nikt sobą samym.

15) ressalta que a metáfora passou a ser vista como um fenômeno conceitual por natureza, bem como processo e modelo cognitivo, constitutivos do nosso sistema conceitual, um modo natural de pensar e de falar, seja na linguagem do dia-a-dia, seja no discurso científico:

Especificamente, a metáfora é um importante mecanismo cognitivo pelo qual
domínios da experiência mais abstratos e intangíveis podem ser conceptualizados em termos do que é mais concreto e imediato. Esta deslocação para o plano do sistema conceptual de fenômenos tradicionalmente identificados na linguagem e relegados para um nível anormal e este reconhecimento da naturalidade e
ubiqüidade do pensamento metafórico e metonímico enformam a teoria cognitiva contemporânea da metáfora e da metonímia (...).

Neste subcapítulo, abordaremos a teoria proposta por Lakoff & Johnson. Para tanto, fizemos um resumo de sua obra-mestra: Metáforas da Vida Cotidiana.

4.1.5.1. Metáforas da vida cotidiana

De acordo com Lakoff e Johnson (1995 [1980], p. 39), a maioria das pessoas concebe a metáfora como sendo um recurso da imaginação poética. Além disso, ela é vista apenas como uma característica da linguagem, ou seja, uma coisa mais das palavras do que do pensamento e da ação. Tal fato não é verdadeiro, pois a metáfora está presente em todo o nosso cotidiano não apenas na linguagem, mas também no pensamento e na ação.
Os dois autores ressaltam que chegaram à conclusão de que o sistema conceitual humano, ou seja, a maneira como conceituamos nós mesmos e tudo o que está ao nosso redor, é de natureza metafórica.
Sobre Metaphors We Live By, Pontes (1990, p. 36) destaca que o trabalho magistral dos autores mostra como as metáforas estruturam nosso pensamento. Por exemplo, quando pensamos em determinados conceitos abstratos, como o tempo, nós o fazemos principalmente através de metáforas:

13 Metáforas da Vida Cotidiana.

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O estudo das metáforas revela que elas nos fornecem o meio de falar desses
conceitos (...) de uma maneira coerente. Isso significa que nós estruturamos esses conceitos de maneira metafórica. Mas, como essas metáforas são incorporadas ao nosso dia-a-dia, nós esquecemos que elas são metáforas.


Os autores destacam que há verdadeiros sistemas metafóricos e que nós podemos, por meio deles, compreender de qual forma nós concebemos a realidade. Por isso, eles sustentam que a questão da metáfora não pode ser tratada como marginal pelos estudos lingüísticos, visto que a língua que usamos no cotidiano “se assenta numa base em grande parte metafórica” (KNEIPP, 1990, p. 55)14.

Pontes (1990, p. 40) destaca que Lakoff e Johnson mostram como as distintas metáforas estruturadoras de um conceito são coerentes entre si. Essa coerência se dá pela sobreposição de suas implicações.

De acordo com o que eles mostram, as metáforas servem para podermos falar
daquilo que escapa ao terreno do concreto, do observável. Assim, todos os conceitos abstratos, tais como o amor, o tempo, o trabalho são estruturados metaforicamente.
(PONTES, 1990, p. 50)
Lakoff e Johnson (1995 [1980], p. 41) afirmam que a essência da metáfora consiste em entender, bem como experimentar uma coisa em termos de outra. Dessa forma, tendemos a estruturar os conceitos menos concretos e mais vagos em termos de conceitos mais concretos, os quais são delineados de forma mais clara em nossa experiência. Os autores
salientam que nenhuma metáfora pode ser entendida e nem mesmo representada
independentemente de seu fundamento na experiência. (LAKOFF e JOHNSON, 1995 [1980], p. 56).
Kneipp (1990, p. 57) salienta que devemos observar que a afirmação dos autores de que um conceito é estruturado em termos de outro não quer dizer que os dois conceitos sejam uma coisa só. Ademais, Lakoff e Johnson asseguram que as metáforas não possuem como base similaridades pré-existentes, inerentes aos conceitos: são as próprias metáforas que criam essas semelhanças que, de outra maneira, não existiriam.
Por exemplo, quais são as semelhanças que justificam a metáfora AS IDÉIAS SÃO O
ALIMENTO DA MENTE? Kneipp (1990, p. 57) ressalta que não há nenhuma semelhança.
Embora o conceito de digerir um alimento seja independente da metáfora, o de digerir uma idéia só surge graças à metáfora:

14 In: PONTES, 1990.

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